A egiptologia moderna não consiste apenas em desenterrar novos tesouros e decifrar hieróglifos; também envolve possíveis aplicações para o mundo moderno. Os testes de colisão em múmias são um exemplo disso. Embora possa parecer - à primeira vista - um processo mórbido, explorar a resistência física de múmias pode nos ajudar a descobrir mais sobre a vida na antiguidade e, possivelmente, aplicar essa compreensão a questões contemporâneas de segurança automotiva.

A maioria das sociedades antigas acreditava em alguma forma de vida após a morte, geralmente envolvendo a preservação do corpo físico. Os antigos egípcios, em particular, desenvolveram um complexo ritual funerário que envolvia a mumificação; um processo que envolve remover os órgãos internos e preservar o corpo utilizando natrão, um mineral composto de bicarbonato de sódio e carbonato de sódio. Para os egípcios antigos, o corpo físico era uma parte fundamental da continuidade existencial e, portanto, devia ser cuidadosamente preservado para que o ka (ou a alma) pudesse habitar depois da morte.

Com a ajuda dos recentes testes de colisão em múmias, os egiptólogos podem medir a resistência física das múmias, com especial atenção para o nível de danos sofridos. Já que os corpos dos egípcios antigos ficavam em caixões, os testes de colisão permitem aos pesquisadores explorar como exatamente essas urnas poderiam ter protegido os corpos em caso de impacto. Em um artigo publicado na revista Forensic Science, Medicine, and Pathology, engenheiros da Universidade Nacional de Engenharia em Lima, Peru, executaram testes nesse sentido.

Revelou-se que as múmias ficavam surpreendentemente íntegras nas urnas, apesar de altas velocidades de colisão. A equipe descobriu que, graças ao acolchoamento interno das urnas, bem como à forma como esses recipientes eram fabricados, os antigos egípcios eram capazes de garantir a segurança do corpo físico mesmo após a morte.

Embora isso possa parecer uma descoberta arqueológica curiosa, esse conhecimento prévio também pode ter implicações para a segurança automotiva moderna. Dada a semelhança entre urnas funerárias e carros, as técnicas utilizadas pelos egípcios antigos podem ser adaptadas para modernos sistemas de proteção em automóveis. Por exemplo, a utilização de materiais ecológicos, como o papelão, com a forma geométrica das urnas funerárias pode ajudar a amortecer impactos e proteger o corpo; algo particularmente importante em acidentes de trânsito de alta velocidade.

Em um mundo cada vez mais preocupado com a segurança em todos os aspectos da vida, é importante lembrar que os antigos egípcios também estavam preocupados com a segurança e a continuidade da vida após a morte. A aplicação moderna da pesquisa em testes de colisão de múmias permite que a humanidade descubra como proteger melhor a integridade física, tanto em relação aos rituais funerários quanto aos cuidados de segurança caros aos nossos dias.

Em conclusão, ainda estamos aprendendo muito sobre as práticas funerárias dos antigos egípcios, e os testes de colisão em múmias são uma ferramenta inestimável para essa descoberta. Em última análise, essa pesquisa é útil tanto para a compreensão do passado quanto para suas aplicações no presente e no futuro, o que permite uma maior segurança e compreensão do mundo em que vivemos.